Aborreço-te muito. Em ti há qualquer coisa De frio e de gelado, de pérfido e cruel Como um orvalho frio num tampo de uma lousa Como em doirada taça algum amargo fel.
Odeio-te também. O teu olhar ideal O teu perfil suave. A tua boca linda São belas expressões de todo humano mal Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.
Desprezo-te também quando ris e falas Eu fico a pensar no mal que tu calas Dizendo que me queres em Ãntimo fervor.
Odeio-te e desprezo-te aqui toda a minha alma Confesso-te a rir muito serena e calma
Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor.
Autor da mensagem: Florbela Espanca
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