Quantas coisas sĂŁo ditas na quietude, depois de uma discussĂŁo. O perdĂŁo nĂŁo vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensĂŁo. SĂł ele permanece imutĂĄvel, o silĂȘncio, a ante-sala do fim. Ă mil vezes preferĂvel uma voz que diga coisas que a gente nĂŁo quer ouvir, pois ao menos as palavras que sĂŁo ditas indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expĂ”em suas queixas, jogam limpo. JĂĄ o silĂȘncio arquiteta planos que nĂŁo sĂŁo compartilhados. Quando nada Ă© dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discussĂŁo histĂ©rica, ouvimos um dos dois gritar: Diz alguma coisa, mas nĂŁo fica aĂ parado me olhando! Ă o silĂȘncio de um mandando mĂĄs notĂcias para o desespero do outro.
Ă claro que hĂĄ muitas situaçÔes em que o silĂȘncio Ă© bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silĂȘncio Ă© um bĂĄlsamo. Para a professora de uma creche, o silĂȘncio Ă© um presente. Para os seguranças de um show de rock, o silĂȘncio Ă© um sonho. Mesmo no amor, quando a relação Ă© sĂłlida e madura, o silĂȘncio a dois nĂŁo incomoda, pois Ă© o silĂȘncio da paz.
O Ășnico silĂȘncio que perturba Ă© aquele que fala. E fala alto. Ă quando ninguĂ©m bate Ă nossa porta, nĂŁo hĂĄ recados na secretĂĄria eletrĂŽnica e mesmo assim vocĂȘ entende a mensagem.
Autor da mensagem: Desconhecido
Contribuição: Denise Carreira
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