Norma Andrade Amanheci para vida De um sono profundo e sereno, Imersa em sonhos já antes sonhados Revolta em pesadelos agora vividos. Mergulhada numa inércia profunda Vegetando harmonicamente com tudo, Desejando, sonhando, idealizando, sentindo... Caminhei caminhos estranhos Longos e às vezes conhecidos. Trilhei veredas, prados e calamarias Em que a alma repousa tranqüila. Tirei pedras dessas estradas, Com mãos de artista para não deixar pegadas... Arranhei a alma... essa desconhecida Para não deixar que o desejo me vencesse, Pro mundo não saber que nas entranhas, Jazia o calor da alma, que mesmo estranha, Sonha sonhos de uma vida Talvez em outros tempos vivida.
E o corpo , que esconde a alma, Estranha a estranha que domina o corpo. Sente a sede de um amor conhecido, Esquecido por ela, essa estranha, Que já tendo vivido antes Sonhou tanto e se aquietou, Numa aceitação insana, Que faz do corpo uma prisão eterna, Para a alma Que sendo estranha Reaja ao seu cativeiro. Queria romper fronteiras Invada espaços, e ganhe o eterno tempo. Crie novos rumos. Acredite em verdades novas, Verdades surgidas das grades que a sufocam. Alce vôo por entre as grades Busque o sol que a fresta traz Esquentando a alma, essa estranha, Que de tanto se esforçar para se esconder Se mostra por inteira.
E agora, alma e corpo, Embora estranhos, Travam batalhas em suas entranhas Que agora despertadas Vão povoar os sonhos na noite que não termina... Os poros reagem exalando um cheiro Do amor sufocado. E pelo quarto, no ar, Sente-se um aroma Agora desconhecido Do corpo e da alma, Que ainda estranha Se afoga em prantos e se lamenta Pelo corpo que a afugente buscando Ser o que sempre queria, O que surgiu na madrugada fria, Trazido pelo despertar dos sonhos.
Agora quase no comando O corpo domina a alma que se entrega, E se vê liberta de grades conhecidas, Antigas e presas por raÃzes profundas. Eleva-se ao estado da plenitude, E atinge a outra alma, essa não estranha, Que esperava por toda eternidade Por aquela que agora conhecida, E aconchega e traz consigo O amor que atravessou o tempo Venceu barreiras Navegou os mares do infinito, E encontrou abrigo junto a ela... A alma dessa estranha, que vivia e sonhava, enquanto na agonia esperava. Por esse encontro Que se não se der no agora Terá ainda a ausência do tempo A eternidade infinita para se encontrar.
E até que então essas almas Juntas Irão se completar que a eternidade acabe.
Autor da mensagem: Desconhecido
Contribuição: Denise Carreira
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